domingo, 22 de maio de 2016

Olhos de nada




"Ela entrou no ônibus. Sentou-se. Ligou sua música, e foi. Todo dia, no caminho, a menina ia cantado, mesmo que sem som. Gostava sempre de reparar as pessoas, e notava que, normalmente, todas pareciam ter a mesma expressão facial de “nada”. 

Foi quando o Sol começou a mágica brincadeirinha de se esconder, e encheu a visão da menina de cores e o coração de sonhos e esperança. Alguns pássaros surgiram passarinhando em “V” em direção ao Sol, e levaram todas as tristezas da mocinha para bem longe! Os olhos da menina queriam acompanhá-los até lá, até o final, afinal não é todo dia que a tristeza vai embora. E assim fizeram, não desgrudaram um minuto dos belos passarinhos que iam em perfeita sincronia em direção ao céu colorido. 

Foi quando a menina se deparou com um daqueles olhares de “nada”, o qual ela imaginava não mais existir depois de tão belo espetáculo bem a frente de todos os olhos presentes naquele caminho. Porém, lá estavam eles. Todos os olhares vagos e tristes, em especial o de uma mulher. Um olhar de quem julgava louca a menina que se curvou toda pra ver um pôr-do-sol e uns pássaros: coisa que se vê todo dia." 

Rita Apoena


Crédito da imagem: daqui



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